Filhos da Lua e do Sol

Eu, filho da Lua e do Sol
Filho de pais separados
Que sempre esteve
Ou com um, ou com outro
Nunca se entenderam
Nem eu, com confusões
Mas também nunca me influenciaram
Deixei de ver o meu Pai
Desde que os meus pensamentos   
Se transformaram em pensamentos de gente grande
Ou pelo menos desde quando deveriam tê-lo feito
Foi por isso mesmo que cortei relações
Por querer ser sempre criança
Ele não deixa, não aceita
É concreto demais, um pouco rígido
Diz que as coisas são como devem ser
E não hesita em ter-me debaixo da sua luz
Revelando todos os meus defeito e virtudes
Não me quer mal mas também não me protege
Sei que me visita com frequência
Que se encosta na porta, espreita na janela
Dá a volta à casa, sobe no telhado
Mas nunca toca a campainha
Nunca nos vemos nem falamos
Nem sequer transpomos a cortina de fogo
De assuntos mal resolvidos
E abraços que ficaram por dar
Com a minha Mãe é tudo tão diferente
Vou vê-la todas as noites
Chego, abraço-a, deito a cabeça no seu colo
E fico apenas a ouvir o seu respirar
As Mães vêem-nos sempre como uma criança
Então brincamos, mostro-lhe as minhas fantasias
Ela conta-me os seus segredos
Inventamos histórias onde podemos tudo
E rimos durante horas sem parar
Tudo isto, sempre com aquele jeito misterioso
E aprazível de ser Mulher
Se sonho, alimenta os meus sonhos
E aos seus olhos tudo tem beleza
Nunca diz que estou errado
Nem me lembra do que a vida me vai roubando
Serei sempre o seu menino bonito
Quando Ela não está
Saio na mesma de casa
Sento-me num banco de madeira perto do Mar
O mesmo banco onde estamos juntos tantas vezes
Em noites mais claras e amenas
e fico a senti-la apenas, e onde quer que esteja
Sei que me sente e me abriga
As Mães protegem sempre os filhos
Até com a força do pensamento

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