Entre as letras e o papel vivem pedaços soltos da alma de quem escreve. Não basta saber ler, é necessário ainda entender de puzzles.
Curioso é, pensar que um livro pode ser tudo o quisermos, no entanto foi apenas o que o autor quis. Controverso e logo aí sinto um estalar de dedos junto às orelhas do meu fascínio. Depois procuro aqueles difíceis, os que não são de grandes confianças no início. Em vez disso preferem que a sua entrega seja conquistada, num desenrolar rítmico, quase erótico, em que a alma se desnuda com subtileza, revelando virtudes e ensinando a gostar passo-a-passo de todos os pormenores, incluindo as imperfeições. Quando damos conta, aterrámos, sem saber como, no coração da história, desejando que não tenha fim.
Se eu fosse um objecto, seria um livro. Daqueles de capa dura, consumida pelo tempo ao passar de mão em mão. De conteúdo concreto, que fala exactamente de nada… E de tudo o que pertence a cada olhar. Um livro vivo, sem dono, que se partilha, que se confia, que se abre... Lê-se um capítulo a quem se gosta, um trecho a quem passa. Rasga-se uma folha! Seria um calhamaço sisudo, assustador no primeiro lançar de olhos, delicioso para quem sobe a montanha e alcança o topo. Com princípio, meio e vários fins para que não se limite ao sentir de uma só compreensão.
Preâmbulo assinado pela Quimera, e uma dedicatória que diz: A quem me lê.
Seria um livro de sonhos, esquecido num banco de jardim onde ninguém passa, um alinhavo de poemas tristes que ninguém quer ler. Registo de sentimentos na língua de uma Nação que entorpeceram, palavras troçando a mente confusa de um turista que folheia e não o entende. Antes ser papel ateando a fogueira de quem tem frio, do que um livro acumulando pó na prateleira de um iletrado.
Se eu fosse um livro, seria um dicionário, sem acordos ortográficos…
escrito para: Fábrica de Histórias
Finalmente alguém que me entende!
ResponderExcluirDesde sempre nutro uma paixão por livros, que nem eu sei bem perceber. Difícil é encontrar-me sem ser com um (geralmente enorme!) livro atrás, consumindo-o aos poucos, aproveitando cada (raro!) minuto de ócio para desvendar, como inspiradamente chamas, a sua "alma".
Mas se fosse um livro, não seria um dicionário, mas sim um enorme volume bem antigo, daqueles com um cheiro adocicado a velhice e páginas finas e amareladas... Talvez um bom romance para inspirar sonhos a quem me lesse.
Ah, e sem acordos ortográficos, com certeza!!!! :)
Boa semana!
Aqui está uma descrição que me soa tão familiar...
ResponderExcluirTerei de fazer um esforço para não plagiar a Moon Dreamer, e a ti próprio. Sim, porque a paixão que eu nutro pelos livros nasce antes do conteúdo, é quase uma questão de pele, só que como não estamos a falar de uma pessoa, diria que é uma questão de química, o cheiro, da tinta impressa no papel, sei lá... nem sei explicar...
Depois as histórias que me fascinam são essas mesmas, aquelas que me dão luta, e como sou teimosa insisto e acabo por ultrapassar aquela barreira quase invisível que separa o meu frete do meu embrenhamento e que me leva a devorar esquecendo tudo e o tempo que passa...
Desculpa... deixei aqui um testamento, mas amei o teu livro e revi-me... tantooooo :)
Um beijinho
Olá Moon Dreamer :) Eu sabia que havia aí uma enorme paixão por livros! Não seria possível escreveres profundamente, senão gostasses primeiro de ler(acho eu). E de repente já me transportei para uma biblioteca centenária, e consigo sentir o tal cheiro adocicado dos livros velhos. Sonho muito ;) Boa semana para ti também!
ResponderExcluirPois é Natacha… Nem precisas explicar, entendo-te tão bem, é toda aquela aura que envolve esse objecto místico. O que vai para além de letras e papel. Desejo que inventem muita coisa, mas espero que o livro nunca perca a forma na qual nós gostamos tanto de o ver. Boa semana!
ResponderExcluirAcabo de fazer uma descoberta surpreendente!
ResponderExcluirEm 4 anos de blogosfera não conhecia este espaço encantador!
Agradeço desde já a dica para chegar até aqui.
Irei acompanhar as novidades.
Sorrisos.
:)Eu é que agradeço as palavras e a tua visita aqui. Agradável surpresa! Volta sempre!
ResponderExcluir"Entre as letras e o papel vivem pedaços soltos da alma de quem escreve"...E é preciso resguardar-se um pouco, ou deixa-se a alma inteira naquilo que se escreve. Palavras faladas, o vento leva mais facilmente.Palavras escritas aspiram eternidade.E pouco nos damos conta disto quando vamos nos deixando assim.
ResponderExcluirPaixão por livros? Me parece que por aqui, todos partilhamos um pouco disto!
Um abraço
Olá Ivete, já começa a ser um costume saboroso ter-te por «aqui». Não sei fazer nada assim pela meia entrega, às vezes isso faz-me cometer erros, mas nunca me arrependo. Arrepender-me-ia se nunca me tivesse dado por completo. Como alguém disse, «sou ariano torto, vivo de amor profundo»
ResponderExcluirUm abraço, gostaria de ver mais textos teus na Fábrica de Histórias.
bigadaa pela tua opiniao **
ResponderExcluirA beleza está na essência das coisas e no amor que se sente por elas.. neste caso, um livro, que é das mais belas que se pode ter..
ResponderExcluirMaravilhoso folhear as páginas onde estão escritas as tuas histórias, plenas de uma sensibilidade extrema.. perfeitas..
Um abraço :)
De nada Ana. Volta sempre :)
ResponderExcluirObrigado Ametista. Confesso que ultimamente tenho lido pouco... Livros. Mas tenho satisfeito na mesma o prazer da leitura. Tenho encontrado na net, textos e histórias incríveis, pessoas(como tu)que escrevem tão bem ou melhor que muitos escritores que se fartam de vender livros.Um abraço.
ResponderExcluirAmo os livros... desde pequenita que me ensinaram a amá-los. E amei este teu texto, também. Parabéns. Escreves bem.
ResponderExcluirAcordo ortográfico? Não, obrigada. Só mesmo em documentos oficiais e porque a isso sou obrigada. Por aqui vou continuar a escrever como me ensinaram.
Obrigado Ónix, as tuas palavras têm sido sempre de um carinho imenso. Pois, em relação ao acordo ortográfico, só não entendo porque não houve um referendo. Até entendo, é a «democracia» que temos ;)
ResponderExcluirMeu nome é Fernandez, adoro a escrita e as letras, sinto-me como se estivesse construindo uma parede de pequenos tijolos quando escrevo,as paginas da vida vão se formando como ondas, me fascina ver a história acontecer diante dos meus olhos quando escrevo.
ResponderExcluirTenho dois livros prontos para editar, estpou terminando o terceiro, gostaria de uma força, principalmente de pessoas que já estão com os seus nas livrarias.
Meu e-mail : mirofernandezab64@gmail.com
Cresci lendo livros, ou melhor, comia com os olhos. Era um por semana. Como era bom, folhear, ler cada linha, descobrir novos mundos, entrar nas estórias, viajar sem sair do lugar.
ResponderExcluirE eu, que livro seria? Um livro em branco para ser preenchido com as lágrimas do meu sorriso e o amor infinito do meu coração.
Um texto maravilhoso Cláudio, parabéns!
JD Matos, só posso dizer, muito obrigado, são pessoas assim que nos fazem ter vontade de continuar a escrever...É muito bom ter-te neste meu cantinho.
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